... E se incendeias meu cérebro,
Então te conduzirei no meu sangue (Rilke)

17 de jan. de 2014

Não verás país nenhum - Ignácio de Loyola Brandão

O livro de Ignácio é uma das obras brasileiras contemporâneas mais atuais e realistas, apesar de ser uma ficção futurista, expondo o homem em sociedade e a relação destes com o meio ambiente. Mais especificamente, o livro é uma abordagem futurista dos resultados sofridos pelo meio ambiente, através do desenvolvimento tecnológico, industrial, que progrediu sem respeitar a natureza e acabou por tornar martirizante as condições de vida no planeta. 

O enredo se desenvolve em um mundo a frente do atual, numa sociedade futura, que vive com a herança, em todos aspectos, do desastre natural deixado pela sociedade moderna. Um personagem principal carrega o enredo, contando, através do seu cotidiano, as dificuldades que a humanidade teve que passar a suportar, quando a naturezanão suportou maisa destruição. 

Por linhas gerais, assim se desenvolve: A personagem principal mora em um condomínio predial e incita o entendimento de que na cidade já não há quase mais casas, pois não há mais espaço físico horizontal, devido crescimento populacional tamanho. Costuma frequentar um bar, de baixa circulação de pessoas, já que não tem estas grandes prazeres pela vida social, que é sufocante. No bar ele pede um copo de água gelada, devido ao calor insuportável, provocado pelo aumento das temperaturas globais, em vários graus acima dos atuais. 

O dono do bar, colega seu, diz não ter água, pois já era mito difícil conseguiro tal líguido, mais tinha um certo produto líguido, produzido industrialmente para fins de consumo, substituindo a água; quando se vem a descobrir, o tal produto é urina reciclada. Nossa personagem acha aquilo um absurdo, mas acaba se conformando e é obrigado a matar a sede, que não era pouca, com aquilo mesmo. Fora do bar, segue a história tendo nosso amigo que deslocar-se pela cidade a fim de resolver algumas questões particulares.

Outro problema aparece neste momento, quando ficamos sabendo que para ele se deslocar teria de ter um autorização especial, já que sua credencial de cidadão lhe permitia, apenas, deslocar-se por um território delimitado da cidade. Na realidade, as pessoas eram divididas em bairros, que eram fechados para o acesso de estrangeiros, como não permitiam a saída daqueles que o habitavam. Motivo disto era o grande alimento populacional que ocorreu na sociedade, não comportando mais espaço para poderem as pessoas circularem descontroladamente pela cidade. 

Com muito esforço e um pouco de influência conseguiu ter acesso aos outros bairro, e ao centro. Lá, observou um ligar onde muitas pessoas visitavam e adentrou. Era apenas, e então, o museu da água. Haviam jarros com água de vários rios. Do rio Amazonas, Tietê, São Francisco e vários outros que tinham sumido, ou pela evaporação provocada pela seca, ou pela poluição que os havia destruído. Num súbito instante a população começa por destruir o museu e o que restava das águas dos vários rios. 

Revoltadas, algumas pessoas chegaram a beber alguma daquelas águas. A polícia então chegou. Prendeu os manifestantes e junto com eles o nosso "guia", a personagem. Levados para a prisão, ela não era melhor que nada no lugar, ficaram os revoltosos presos, junto aos outros criminosos, que normalmente, também, tinham incorrido em algum crime daquele tipo, político, de protesto e qualquer outra forma de descontentamento, logo repreendido pela autoridade estatal. 

Por fim, a história acaba com eles todos encarcerados, apertados uns aos outros, sem poder se mexer, com suas honras desconstituídas e a moral destruída, representando, em si, a sociedade futura, herança da tecnologia e indiferenças modernas.

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