... E se incendeias meu cérebro,
Então te conduzirei no meu sangue (Rilke)

22 de mai. de 2014

Resenha: Gênesis - Bernard Beckett

Narrado em terceira pessoa o livro do autor Bernard Beckett é empolgante, reflexivo e curioso, curto, rápido e a leitura flui bem. 

A história de Gênesis ocorre num futuro pós apocalíptico, e é narrado de uma forma bem interessante pelo autor. Anaximandra está tentando entrar na Academia e durante a leitura descobrimos que esse é ‘órgão’ que governa o mundo atualmente e a medida que Anax vai evoluindo no teste de admissão da Academia, através das perguntas feitas pela banca de jurados e das respostas de Anax é que história nos é contada.

Anax nasceu na República e estudou toda a história afim de aprender e compreender todos os fatos que levaram as Ilhas a serem o que eram. Ela conhecia toda a história e detinha um fascínio idiossincrático pela história de Adams, a quem em tese, era o herói que havia dado a República o motivo para ser a utopia que ela havia se tornado. Seu tema para o teste da Academia é a história de Adams, a qual Anax acredita conhecer piamente, mas o que ela não sabe é que nem toda verdade pode ser dita principalmente quando ela pode por em risco o futuro de toda uma sociedade.
A única coisa que une os indivíduos são as ideias. As ideias mudam e se espalham; mudam de hospedeiros com a mesma frequência com que esses hospedeiros mudam de ideias. 
Essa história é muito boa, te faz pensar bastante é de certa forma filosófico sobre o que nos faz diferente de animais e maquinas. Ao contar a história de Adams tanto ela quanto nós leitores somos obrigados analisar e nos perguntar "o que nos torna humanos?"
Talvez seja necessário, para que uma sociedade funcione, que exista certo nível de empatia que não pode ser eliminado. 
Adams percebe que as normas não são justas, ele nota que a sociedade que ele vive apenas se auto defende sem nunca dar espaço para esclarecimento, e é a convivência dele com Art e forma com que ele tenta esclarecer para Art que ele é apenas uma maquina, enquanto ele, Adams, é um ser humanos, que nos leva há um questionamento mais profundo. O que nos leva a ser diferente uma máquina? O que nos torna consciente, e o que é está consciência?

Bernard Beckett leva o leitor a questionamentos profundos e os põe diante de confrontos que muitas vezes evitamos por não saber como travar o confronto.
É no conflito que nossos valores são expostos com clareza.
Não vou falar mais sobre o que acontece porque é importante ler sem saber nada. Mas saibam que o final foi como uma alfinetada no cérebro já que para mim foi um fim totalmente inesperado e sinceramente, posso dizer que a surpresa guardada até o fim foi a melhor parte do livro. 
A alma oferece a vocês conforto, e a única exigência em troca é ignorância.
Recomendo a leitura. É bem interessante. Além disso é um livro único, coisa cada vez mais rara hoje em dia.

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